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Bahia

Foto: Monique Renne

Pelourinho

O Centro Histórico do Pelourinho, em Salvador, Bahia, é um dos mais emblemáticos e preservados conjuntos urbanos coloniais do Brasil. Com origem no século XVI, o Pelourinho se firmou como importante núcleo administrativo, religioso, comercial e cultural da colônia portuguesa nas Américas. Ao percorrer suas ladeiras de pedra, entre igrejas monumentais, casarões coloridos e praças vibrantes, o visitante se depara com uma rica herança histórica viva, onde passado e presente se entrelaçam de forma autêntica.

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Fundação e Crescimento da Cidade

O Pelourinho está situado na Cidade Alta de Salvador, dentro do Centro Histórico, e representa um dos mais importantes marcos urbanos do Brasil colonial. Salvador foi fundada em 1549 por Tomé de Souza, por ordem da Coroa Portuguesa, para ser a primeira capital do Brasil e sede do Governo-Geral. O traçado urbano foi planejado em padrões europeus, com a divisão entre Cidade Alta, voltada à administração, à religião e à moradia da elite, e Cidade Baixa, voltada ao comércio e ao porto.

No coração da Cidade Alta, o Pelourinho surgiu como um espaço de poder e controle. Seu nome deriva da coluna de pedra  (o pelourinho) onde os escravizados africanos eram punidos publicamente. O local era símbolo da justiça da Coroa, mas também da repressão e do sistema escravista que sustentava a economia da colônia.

Desde o início, o bairro concentrou edifícios administrativos, igrejas, conventos, colégios e sobrados habitados por autoridades, comerciantes e religiosos. O comércio do açúcar e a mão de obra escrava permitiram que Salvador prosperasse, e o Pelourinho floresceu como centro vital da capital, sendo palco de cerimônias oficiais, festas religiosas, cortejos e da vida social da elite colonial.

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Escravidão, Religião e Resistência Afro-brasileira

Durante os séculos XVII e XVIII, Salvador tornou-se um dos maiores centros de tráfico de escravizados das Américas. Estima-se que mais de um milhão de africanos desembarcaram na cidade ao longo da história colonial. O Pelourinho, por ser o centro urbano da capital, esteve profundamente ligado a essa realidade.

Apesar da violência e da repressão, os africanos e seus descendentes construíram redes de solidariedade, resistência e cultura. Nas ruas do Pelourinho floresceram tradições que dariam origem ao candomblé, à capoeira, à musicalidade afro-brasileira e a uma rica vida religiosa paralela àquela imposta pela Igreja Católica.

A convivência entre o poder colonial, representado por igrejas como a de São Francisco e instituições como o Paço Municipal, e a resistência negra é um dos traços mais marcantes da história do Pelourinho.

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Transformações no Século XIX e Declínio Urbano

Com a transferência da capital para o Rio de Janeiro em 1763 e as mudanças nos ciclos econômicos, Salvador perdeu parte de sua centralidade política. No século XIX, o Pelourinho passou por alterações urbanas, mas permaneceu como uma zona densamente habitada. Com a abolição da escravidão em 1888, muitos sobrados antes pertencentes à elite foram subdivididos em cortiços, recebendo famílias negras e pobres. O bairro, então, passou por um processo de empobrecimento e degradação urbana.

No entanto, mesmo nesse período, o Pelourinho manteve sua vitalidade cultural. Era um território vivo, onde se misturavam moradia popular, tradições religiosas, ensaios de blocos afros, rodas de capoeira e manifestações da cultura popular.

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Arquitetura e Urbanismo

A configuração arquitetônica do Pelourinho é uma das mais expressivas do Brasil colonial. Seu traçado irregular e sinuoso, adaptado ao relevo da cidade alta, reflete a influência do urbanismo português. Os sobrados de dois ou três pavimentos, com fachadas estreitas, janelas em guilhotina e portas em madeira talhada, formam um conjunto harmonioso que reflete os séculos XVII ao XIX.

As igrejas são o ponto alto do barroco baiano. A Igreja e Convento de São Francisco, por exemplo, é considerada uma das mais ricas do país, com interiores completamente revestidos de talha dourada. A Igreja do Rosário dos Pretos, construída pela Irmandade dos Homens Pretos, é um símbolo da resistência negra e da fé afro-brasileira.

O casario foi gradualmente restaurado a partir dos anos 1990, revelando o valor estético e histórico dessas construções.

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Revitalização e Reconhecimento

Após décadas de abandono, o Pelourinho passou por um amplo processo de revitalização iniciado pelo governo da Bahia nos anos 1990, com apoio do IPHAN. O projeto, embora criticado por deslocar parte da população original, teve papel fundamental na restauração de imóveis e no impulso ao turismo cultural.

Em 1985, o Centro Histórico de Salvador, incluindo o Pelourinho, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, em razão de sua importância para a história das Américas, da escravidão, da colonização e da resistência afro-brasileira.

Hoje, o Pelourinho abriga museus, espaços culturais, centros religiosos, instituições educacionais e manifestações artísticas. Eventos como o Carnaval, as festas de Iemanjá e os ensaios de blocos afro como Olodum e Ilê Aiyê mostram que o bairro continua sendo um palco central da cultura afro-brasileira.

Cultura Viva e Identidade

O Pelourinho é muito mais do que um conjunto arquitetônico colonial. É símbolo de resistência, herança africana, religiosidade, música e arte. É um espaço onde o passado e o presente se encontram diariamente, revelando a complexidade da formação cultural brasileira.

Seu nome carrega as marcas da dor e da luta, mas também a força de um povo que, mesmo diante da opressão, construiu uma das culturas mais ricas e vibrantes das Américas.

Mais informações

Centro Histórico do Pelourinho
Cidade Alta – Salvador – BA – Brasil
CEP: 40026-010

  • A circulação pelas ruas e praças do Pelourinho é gratuita.

  •  Os valores para entrada em igrejas e museus variam conforme o local, com muitos oferecendo entrada gratuita ou valores simbólicos. Diversos espaços oferecem meia-entrada para estudantes, professores e idosos.

Principais atrativos e seus horários (sujeitos a alteração):

  • Igreja de São Francisco
    Segunda a sábado: das 9h às 17h
    Entrada paga (valor médio: R$ 5,00)

  • Igreja do Rosário dos Pretos
    Segunda a sexta: das 8h às 17h
    Missas com música afro às terças-feiras à noite
    Entrada gratuita (contribuição voluntária)

  • Museu Afro-Brasileiro (no Convento de São Francisco)
    Segunda a sexta: das 9h às 17h
    Sábados: das 9h às 14h
    Ingresso: R$ 6,00 (meia: R$ 3,00)

Feiras de artesanato e ateliês:
Abertos durante toda a semana, com destaque aos fins de semana. Entrada gratuita.

  • Apresentações culturais de rua:
    Ocasionais, especialmente nos fins de semana e feriados. Apresentações de capoeira, música ao vivo e teatro de rua.

  • Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador
    (71) 3202-7890

  •  Posto de Informação Turística:
    Praça da Sé, Pelourinho

  • Redes sociais e site oficial da Prefeitura de Salvador:
    www.salvador.ba.gov.br

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